quarta-feira, 23 de abril de 2008

Internacional 5x1 Paraná

E não foi que, com Andrezinho, a gente nem sentiu falta do Alex? Histórico. Mágico. Loucura. Adjetivos aparecem por todos os lados mas ainda não inventaram uma palavra adequada para descrever o que foi esse jogo. Em menos de 5 minutos, já havia acontecido de tudo e mais um pouco!
Foi um jogo para testar a fé da torcida e a perseverança dos jogadores, e podemos dizer que os dois lados deram conta do recado. A torcida cantou o tempo todo, apoiou e não esmoreceu nunca. Os jogadores correram, cansaram, atacaram e, acima de tudo, marcaram o adversário e também os tão necessários gols.

Não há como explicar a sensação de saber que, aos meros 45 segundos de jogo, há um jogador no chão, desacordado, em uma colisão com um próprio companheiro de time. E uma chance clara de gol para o adversário como conseqüência desse choque. Ainda sob o trauma de ver Jonas saindo do estádio de ambulância, os jogadores do Inter perdem a concentração e acontece o improvável, o impensável, o indigesto gol do Paraná. Aos dois minutos do primeiro tempo, o time que precisava fazer 3 toma um gol e agora precisa de 4. Sei de gente que só ficou sabendo o resultado pela manhã, ao ler o jornal, pois desligou o rádio nessa hora.
Mas acontece que, como já dizia o poeta, o jogo só acaba quando termina. Logo aos 5 minutos, Andrezinho quebra seu jejum de gols pelo Colorado, prova que tinha razão quando disse que ia marcar na hora mais importante, e abre alas para o que viria a seguir.
Um jogador do Paraná expulso. Índio marca o segundo. Outro jogador do Paraná expulso, mas dessa vez Sidnei o acompanha. Pra não perder as contas: Inter com 10, Paraná com 9. Placar: 2x1. No final do primeiro tempo, lá vem Andrezinho de novo e coloca o Internacional no limiar da felicidade fazendo o 3° gol. Faltava só um.

Ao ir pro vestiário, o consenso era de que o time precisava se acalmar. Estava correndo muito, e quase ninguém ficava no campo de defesa. No finzinho do primeiro tempo quase levou um gol por esse motivo.
Mas essa noite estava predestinada a entrar para a história. Segundo tempo, o Inter volta mais calmo, como pedia o técnico e o goleiro Clemer, que se sentia abandonado lá atrás. Nesse momento, o Paraná atacou mais, voltou bem melhor do que estava na etapa anterior. No entanto, seus ataques eram improdutivos. E aos 18 minutos a angústia e a agonia de estar tão perto e ainda tão longe da classificação se desfez quando Magrão finalizou de forma maravilhosa um cruzamento milimétrico de Andrezinho. Já seria um gol para lembrar pela beleza, não fosse a grandiosidade de seu significado. A diferença de 3 não era parte só dos sonhos e previsões dos torcedores. Ela estava ali, concreta, paupável, existente.

Administrar a vantagem tornou-se o principal objetivo então, pois o desgaste da equipe era visível, principalmente de Índio, que precisou ser substituído, e de Orozco, que mal se agüentava em pé. Nesse momento o jogo tornou-se mais dramático ainda. Conseguir a façanha de sair perdendo, virar o jogo, fazer o saldo de 4, diferença de 3, e tomar um gol perto do final da partida não seria um banho de água fria, seria como ser engulfado por um iceberg. Uma bola na trave defendida por Clemer fez a torcida parar de respirar por alguns segundos, mas ela logo tomou fôlego para poder gritar gol novamente. Depois de uma arrancada num contra-ataque de Nilmar e do pênalti nele cometido, Fernandão, o capitão do mundo, cobrou a penalidade de forma segura e terminou de escrever a história com o 5° e derradeiro gol do Internacional na partida.

É difícil falar de técnica num jogo como esse. Não só pelo fato de não ter visto o jogo ao vivo, só ouvido. E não havia como prestar atenção aos detalhes no tape passado logo após a partida. Mas com certeza pode-se destacar a participação primorosa de Andrezinho, a garra e força de Índio e Magrão, a liderança e calma de Fernandão, a vontade de Nilmar, a atuação segura de Clemer... Até mesmo Iarley, que nem entrou em campo, pode ser considerado destaque, pois incentivou e deu instruções como um técnico à beira do campo. Todos os outros que estiveram ou não em campo nessa noite tiveram uma ponta de responsabilidade por esse resultado. Mostraram que queriam ganhar e que acreditavam uns nos outros e em si mesmos. Dessa forma escreveram mais uma página da história do clube.

Houve muita reclamação do lado do Paraná sobre a arbitragem. Não se pode querer explicar e creditar a vitória do Internacional a arbitragem. Isso foi só uma horrível tentativa de querer explicar o inexplicável. Erros existiram, para ambos os lados, mas isso é parte do futebol. Houveram erros grotescos também na arbitragem da partida em Curitiba, que poderiam ter mudado completamente a cara daquele jogo, mas como eram a favor deles, não se ouviu coisa alguma sobre eles.

A festa ao final da partida foi linda e a vontade de estar lá era imensa. Os jogadores agradecendo a torcida pelo apoio foi certamente gratificante para os mais de 41.000 colorados presentes. Fernandão cruzou o campo inteiro para aplaudir aqueles que estão acostumados, eles, a aplaudir suas belas jogadas.

É difícil, após algo que só pode ser classificado como épico como foi essa partida, focar na final do gauchão, mas tenho certeza de que essa vitória eletrizante vai servir muito bem para motivar os jogadores a continuarem a nos proporcionar momentos de pura alegria. É gratificante para eles tanto quanto é para nós.
Agora é o Juventude e domingo já tem guerra de novo. O cansaço e os desfalques vão jogar contra nós, mas a gente já provou que as dificuldades edificam.

Uma pedra do sapato a gente já tirou.




Internacional 5x1 Paraná
Clemer; Índio (Titi, 25min2ºt), Orozco e Marcão; Bustos, Jonas (Sidnei, 2min30seg1ºt), Magrão, Andrezinho e Ji-Paraná (Adriano, 26min40seg1ºt); Nilmar e Fernandão.
Técnico: Abel Braga.
Fabiano Heves; Daniel Marques, Luiz Henrique e João Paulo; Ângelo, Jumar (Cristian), Léo, Giuliano (Clênio), Everton e Joélson; Fábio Luiz (Goiano).
Técnico: Paulo Bonamigo.
Gols: Fábio Luiz (P), aos 3min45seg do primeiro tempo, Andrezinho (I), aos 4min45seg do primeiro tempo, Índio (I), aos 31min50seg do primeiro tempo, Andrezinho (I), aos 41min40seg do primeiro tempo, Magrão (I), aos 18min30seg do segundo tempo, Fernandão (I), aos 48min do segundo tempo.
Cartões amarelos: Bustos, Marcão (I), Léo, Daniel Marques, Éverton (P). Expulsões: Ângelo, Joélson (P), Sidnei (I).
Arbitragem: Wagner Tardelli Azevedo (SC), auxiliado por Dibert Pedrosa Moisés (RJ) e Claudemir Mafessoni (SC).
Renda: R$ 361.091,00. Público: 41.837 (38.263 pagantes). Local: Beira-Rio.

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